segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sociedade dos Poetas Mortos





                                                                                 Lançamento: 1989 (EUA)








                                                                       Sociedade dos Poetas Mortos - Trailer












Ele fez de suas vidas algo extraordinário


                                                                                    Professor John Keating






                                                                                         1º dia de aula



O professor John Keating entra na sala de aula assobiando, é o primeiro dia do ano letivo, passa pelos alunos e desperta olhares curiosos, encaminha-se para uma outra porta, de saída para o corredor, todos seus pupilos ainda estão de sobreaviso, curiosos e sem saber o que fazer. Keating olha para eles e faz um sinal, pedindo que os estudantes o acompanhem. Todos chegam a uma sala de troféus da escola, onde ao fundo podem ser vistas fotos de alunos, remontando ao início do século, fazendo-nos voltar ao começo das atividades da escola. Pede-se silêncio e, que a atenção de todos volte-se para os rostos de todos aqueles garotos que freqüentaram aquela tradicional instituição de ensino em outros tempos.
O que aconteceu com eles? Para onde foram? O que fizeram de suas vidas? Suas vidas valeram a pena? Perguntas como essas são lançadas aos alunos. Muitos ainda sem saber o que estariam fazendo ali, afinal, não era para estarmos estudando literatura inglesa e norte-americana?
Desconforto e desconserto. O personagem do professor Keating, vivido pelo eclético e versátil (além de extremamente talentoso) Robin Williams, conseguiu o que queria. Deixou seus alunos em dúvida. Iniciou seu relacionamento com eles tentando demovê-los de sua passividade, provocando-os a uma reflexão sobre a vida. Afinal, será que estamos fazendo valer nossa existência? "Carpe Diem", ou seja, aproveitem suas vidas, passou a ser como uma regra de ouro a partir de então para alguns de seus alunos, afinal, vejam o exemplo daqueles que já estiveram por aqui (retratados nessas fotografias esmaecidas, amareladas) e pensem se vocês querem que o tempo passe e vocês venham a se tornar "comida de vermes" em seus caixões sem que nada do que tenham feito por aqui tenha repercutido (como, acreditem, muitos desses jovens das fotografias o fizeram, deixando passar a vida sem perceber a riqueza contida na mesma).
Para fazer com que suas existências tenham valor vocês devem viver com intensidade cada dia que lhes é dado, cada momento que lhes é concedido, cada experiência a qual tem acesso, diz com sabedoria inconteste o ilustre mestre Keating. Por isso, repete, "Carpe Diem".
"Sociedade dos Poetas Mortos" foi, em seu ano de lançamento (1989), candidato ao Oscar em várias categorias, levou para casa o prêmio de melhor roteiro (com enorme justiça dado a Tom Schulman) e, para a decepção de muitos (entre os quais me incluo), não foi agraciado como a melhor produção daquela temporada. Uma injustiça irreparável tendo em vista a qualidade do roteiro, a mão sensível do diretor Peter Weir, a atuação de Robin Williams e do jovem elenco que depois ganharia notoriedade em outras produções pelas suas grandes habilidades dramáticas (principalmente Robert Sean Leonard e Ethan Hawke) e a fotografia excepcional com locações lindíssimas.

Como já se viu, trata-se da história de um grupo de jovens alunos que tem o privilégio de trabalhar com um professor visionário, de atitudes inesperadas, que os instigou a pensar por conta própria (o que lhe rende críticas dos colegas e da instituição) e que arrebatou-lhes os corações. Por ter sido aluno dessa escola, Keating teve sua vida acadêmica retratada nos famosos "Year books" das "high schools" norte-americanas e, entre as informações sobre esse nobre aluno, consta uma a respeito de ter participado de uma tal "sociedade dos poetas mortos". Essa informação desperta a curiosidade dos alunos, que lhe pedem informações acerca das atividades desse grupo. Informados de que se tratava de uma turma de alunos que se reunia para ler poesias e aproveitar tudo aquilo que aqueles grandes escritores tinham produzido para seu próprio prazer e engrandecimento, resolvem fazer com que a "Sociedade" ressurja.
Não é só a sociedade que retoma suas atividades, todos os alunos envolvidos se vêem as voltas com uma verdadeira renovação em suas existências, todos encontram novos interesses e vocações, todos parecem ter despertado de um sono profundo, de uma letargia tão envolvente que parecia tragar-lhes a juventude sem possibilidade de volta.




                                                      O professor Keating e seus disciplos - foto



O professor Keating deu a eles uma oportunidade sem igual e, ao mesmo tempo, fez com que os estudantes fossem se encantando com a literatura (que nos fala daquilo que é essencial, verdadeiramente fundamental em nossas vidas, o amor, a amizade, a paz, a dor e as desilusões; segundo Keating, estudar para que nos tornemos advogados, engenheiros ou médicos é importante, mas o que torna nossas existências válidas tem a ver com o espírito, com o prazer e, a poesia, a literatura, são fontes riquíssimas nesses quesitos).
Ao lidarmos com adolescentes muitas vezes, por conta do excesso de atividades, dos programas extensos que temos que cumprir, das avaliações ou do nosso próprio descaso, deixamos de vê-los como pessoas em formação, que alimentam sonhos e fantasias (que muitos de nós parecemos ter esquecido lá atrás, no tempo de nossas próprias juventudes), que planejam verdadeiras revoluções (dizem que quando temos 16 anos queremos incendiar o mundo e que, ao chegarmos a idade adulta, nos tornamos bombeiros; a maturidade é saudável, no entanto, devo dizer que preservar alguns focos de incêndio acesos em nossos corações e mentes também é fundamental. Sonhar é preciso!) e que, necessitam desesperadamente de nosso apoio e orientação, de nosso carinho e atenção.

Keating incorpora nosso idealismo, nossa pureza de princípios. Os alunos simbolizam a força e a vitalidade do novo, dos elementos de transformação que esperamos venham a transformar esse mundo num espaço muito mais justo, mais equilibrado. Há no entanto, os choques com as forças conservadoras, com a opressão da ordem que não aceita desequilíbrios (mesmo sabendo-se que eles trarão recompensas e melhorias). Nesses confrontos nem sempre o que está por vir é o que gostaríamos que acontecesse.
"Sociedade dos Poetas Mortos" é um filme imperdível para quem ama a educação, para quem alimenta ideais de reformular, para quem tem um profundo respeito e preocupação com essa juventude com que trabalhamos. Discutir esses temas todos, reformular as nossas práticas, alimentar nossos sonhos, rever posturas e condutas e, principalmente, olhar para nós mesmos e para nossos alunos em busca daquilo que nos faça sentir orgulho do que fizemos em nossas vidas, vale o ingresso. Boa diversão e "Carpe Diem"!



                                                                         Uma aula diferente das já de costume 





John Keating é um profissional diferenciado. E é através de métodos pouco convecionais para lecionar – tais como: trocar as salas de aula pelos corredores e pelo pátio da instituição, ordenar o rasgamento das páginas inicias de um livro ou subir nas mesas e cadeiras durante a aula – que ele consegue a admiração de seus pupilos. Fica evidente que a figura de Keating passa a ser idolatrada pelos seus alunos, já que esses veem em seu novo professor o mestre que adorariam seguir, no rígido sistema do colégio interno. Aliás, Keating não gosta de ser chamado de ‘professor’, ele prefere ‘Oh capitão, meu capitão!’ , em referência a um poema de Walt Whitman. Além das obras de Whitman, os alunos aprendem uma expressão latina, o carpe diem, que significa ‘aproveite o dia’. O carpe diem os incentiva a se libertarem e desafiarem o sistema que lhes é imposto – é quando descobrem que o professor Keating, nos tempos de estudante, fez parte de uma organização secreta chamada ‘Sociedade dos Poetas Mortos’. Curiosos, os alunos questionam Keating sobre a tal Sociedade. Ao invés de desconversar, explica que ele e alguns de seus colegas se reuníam em uma gruta, durante a noite, para lerem obras de diversos poetas. Esse foi o estopim para que os rapazes, liderados por Neil, retomassem a ideia de um clube noturno dedicado à leitura. Até o tímido Todd resolveu participar, desde que não lesse em voz alta, apenas organizasse as atas. Porém, a Sociedade deixou de ser secreta no momento em que um dos membros publicou, anonimamente, uma nota no jornal da escola pedindo para que mulheres também fossem aceitas no clube. Com a descoberta, a pressão sobre os alunos e principalmente sobre Keating cresceu assustadoramente.
Um grande filme, com a melhor atuação da carreira de Robin Williams, um ótimo roteiro (ganhador do Oscar) e personagens que certamente se identificam com alguns que estão por aí, em qualquer escola.








                                                  Professor John Keating




                                             Professor John Keating observando os alunos subirem na mesa


O professor John Keating, na sala de aula quebrando o paradigma do formalismo, conservadorismo e dogmas institucional de ensino, sobe a mesa para mostras a seus alunos que as coisas podem vir a serem vistas de um outro ângulo.


  
                                                                        Uma aula diferente, uma visão diferente





                                   Professor John Keating em uma conversa com seus alunos, momento no qual lhes dizem:


"Não importa o que disserem a vocês. Palavras e ideias podem mudar o mundo. O Sr. Pitts pensa que a literatura do século XIX nada tem a ver com fazer Administração ou Medicina. Certo? Talvez. O Sr. Hopkins concorda dizendo: 'Devíamos estudar o Sr. Pritchard, as rimas e a métrica enquanto vamos alcançando outras ambições'. Quero revelar-lhes um segredo. Aproximem-se. Não lemos e escrevemos poesia porque é bonitinho. Lemos e escrevemos poesia porque fazemos parte da raça humana. E a raça humana está impregnada de paixão. Medicina, Direito, Administração, Engenharia, são atividades nobres, necessárias à vida.  Mas a poesia, a beleza, o romance, o amor, são as coisas pelas quais vale a pena viver. Citando Whitman: 'Oh eu, oh vida das perguntas sempre iguais,/ dos intermináveis comboios de descrentes, das cidades abarrotadas de idiotas./ O que há de bom no meio disso, oh eu, oh vida?/ Resposta:/ você está aqui. A vida e a identidade existem,/ a pujante peça continua e podes contribuir com um verso'*. Qual será o verso de vocês?"






                                    Pode -se ver a expressão de entusiasmo na face dos alunos em relação ao professor




                                                   Momento em que o Professor John Keating conversa com Todd




                            Momento no qual o Professor John Keating observa o seu aluno Todd vencer sua timidez ao ler na sala


          Então ao saber da Sociedade dos Poetas Mortos, eles decidem reviver a " Sociedade dos Poetas mortos" e vivencia-la. Decidem ir na antiga caverna indígena, onde em outro tempo outros jovens fizeram o mesmo. 




 Diferente de seus colegas, Richard Cameron fica marcado como um jovem acomodado, escravizado e covarde por ceder aos caprichos de terceiros e não se permitir viver e ser ele próprio.




 Mr. Nolan é um direito/professor de um colegio rigoroso, conservador, dogmático, e molda o colégio para não formarem grande pensadores livres e sim proficionais mecânicos sem liberdade de pensar. Vemos muito ainda nos dias de hoje. 




Mr. Perry, pai do jovem Neil Perry, é a figura de um pai manipulador, autoritário, que nao respeita a vontade, o desejo, o sonho do filho, pensando ele que o melhor pro filho é o que ele acha ser e nao o que o filho pensa ser o bom. Controle tal, que da a entender que ele não pensa ter um filho e sim uma marionete, o que como conseqüência desastrosa, acaba o filho por cometer suicídio como uma forma de se libertar.


Neil Perry, um jovem que sonhava em ser ator, em fazer teatro, mas sofria repreensão da parte de seu pai, pois queria que seu filho seguisse a vontade e o capricho dele. Mas Neil, com os incentivos do Professor John Keating, decide entrar para o grupo de teatro do colégio e fazer parte de uma peça que apresentara em poucos dias, o que não agradou em nada seu pai ao vê-lo apresentando a mesma. ao ser duramente reprimido por seu pai, ele acaba por cometer suicídio numa forma de se libertar. Era um sonhador nato, um idealista, um romântico e a idéia de reviver a " Sociedade dos Poetas Mortos" e vivencia-lo-as partiu dele, sendo que os encontros seriam na antiga caverna indígena, na mesma em que outrora teve a " Sociedade dos Poetas Mortos" qual viveu e vivenciou o seu professor. 




Charles Dalton, dentre os alunos sempre foi aquele que tomava as iniciativas,surgiu dele o incentivo para que os demais seguissem a idéia de Neil. 


Knox Overstreet, de inicio ficou meio que em duvida em se reunir com os amigos na caverna, para o renascimento da " Sociedade dos Poetas Mortos", mas ao Dalton dizer-lhe que ele poderia conquistar a garota do seus sonhos, a amada Chris, ai ele pergunta: como? E o Dalton então diz: as mulheres desmaiam., então ele decide ir.


   
Gerard Pitts, não estar indo muito bem com suas notas e com isso preocupado, a priori se nega a ir com os colegas, mas para terem a presença de Pitts, os amigos se dispõem a ajuda-los com suas notas. 




Steven Meeks, é um dos a aceitar logo de uma vez a idéia de Neil, em relação a " Sociedade dos Poetas Mortos". Elel tambem era no grupo uma espécie de "CDF" e foi encarregado por Dalton e Neil de dar suporte em relação aos estudo para aos demais.   




Todd Anderson, um jovem receoso, tímido, tendo alguns medos e sendo um deles o de falar em publico. Mais um também que de certa forma era reprimido pelos caprichos e vontade do pai.


Sociedade dos poetas Mortos é um filme encantador, emocionante, sensibiliza ao assisti-lo, mostra tudo que temos na realidade até os dias de hoje. É um filme que chama a atenção para a questão do pensar, do idealizar, do romantizar e do sonhar. É um filme que fala da paixão avassaladora que o ser humano é movido, do sonho pelo livre pensar, da beleza da poesia. Mostra neste filme que as instituições de ensino na se preocupam em formar pensadores livres e sim profissionais mecânicos de chumbo.
Será que ser: um idealista, um romântico, um sonhador é um preço muito alto a ser pago em meio a uma sociedade deste tipo? Muitos não suportam e vêem no ato do suicídio a sua liberdade, caso ocorrido com o jovem Neil neste filme.


As pessoas se tornam pragmáticas, materiais, valorizam a aparência e o material e esquecem da valoração da essência do ser, de seus sonhos, ideais, desejos e anseios.     


Cenas finais do filme:


Cena clássica no fim do filme em que os alunos se levantam e sobem na cadeira para saldar o professor "oh Capitão, meu capitão", um dos muitos momentos que nos proporcionam um estado de intensa emoção! Simplesmente sensacional e como já se diz no filme: o ser humano é repleto de paixão e por ela movido!


                     Um dos melhores e significativos filmes que ate aqui em minha vida já assisti.


O professor e imortal da Academia Brasileira de Letras, Arnaldo Niskier, diz : - É um filme que deve ser visto e discutido pelos educadores brasileiros, aos quais se recomenda atenção para o que ele representa em termos de educação moderna.
* é professor universitário, jornalista e escritor








                                                                    Elenco do filme:



         Robert Sean Leonard (Neil Perry)
Josh Charles (Knox Overstreet)
Gale Hansen (Charles Dalton)
      Dylan Kussman (Richard Cameron)
 Allelon Ruggiero (Steven Meeks)
Kurtwood Smith (Sr. Perry)
James Waterston (Gerald Pitts)
orman Lloyd (Sr. Nolan)
Carla Belver (Sra. Perry)
Leon Pownall (McAllister)
George Martin (Dr. Hager)
     Joe Aufiery (Professor de Química)
    Lara Flynn Boyle (Ginny Danburry)
               Ethan Hawke  (Todd Anderson)
                 Robin Williams  (John Keating)






Ficha Técnica:

Sociedade dos Poetas Mortos 
(Deads Poets Society)
País/Ano de produção:- EUA, 1989
Duração/Gênero:- 128 min., drama
Distribuição:- Abril Vídeo
Direção de Peter Weir





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